segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Vida, pessoas e planos para o futuro



Quais tons eu queria deixar visíveis quando eu escrevesse esse texto? É enriquecedor compreender as visões de mundo de outras pessoas, pois, olhando para o outro, você acaba se conhecendo através de comparações e analogias. Fazendo esse exercício continuamente, eu acabei por descobrir que ainda tenho muitos traços da minha visão de mundo infantil — o que me deixa pensar que minha síndrome de Peter Pan autodetectada nunca foi curada —, que eu ainda acredito na bondade das pessoas, que eu confio no ser humano. Junto a isso, ainda olho para o mundo como se fosse uma novela do Manoel Carlos com emoções à flor da pele, amores arrebatadores, personagens e situações complexas e sem explicações. Além disso, noto nos meus contos dos últimos anos histórias cada vez mais descrentes com a humanidade, personagens cada vez mais entregues à desesperança. Ou seja, quanto mais eu tento me conhecer, mais confuso eu fico.

E volto à pergunta inicial: quais tons eu queria deixar visíveis quando eu escrevesse esse texto? Pensei que talvez pudesse explicar minha visão de mundo num parágrafo, mas parece que as coisas ficaram mais complicadas. O balanço do ano passado e o olhar para o novo ano talvez sejam uma junção de todas essas personalidades conflitantes que existem dentro de mim.

O ano que acabou vai deixar saudades! Foi o ano de olhar para minha adolescência e justificar todas as tristezas e incertezas do passado. Por mais óbvio que isso seja, eu comecei a perceber que a vida é um processo contínuo de avanços e regressos. E tudo isso foi importante para eu entender a minha identidade. Na adolescência, sentimos uma vontade imensa de fazer parte de algo, de alguma tribo que se encontra no colégio. Nessa minha retrospectiva, eu acabei por perceber que eu não fiz parte de nenhuma tribo específica: acho que por minha dificuldade de me encontrar, eu estava sempre percorrendo os grupos, conhecendo pessoas, trocando ideias. Mas chega um momento que temos que nos encontrar, descobrir quem somos.

O ano passado foi importante pra isso. Eu me encontrei! Em nenhum outro momento e nenhum outro lugar eu me senti tão parte integrante do todo. A universidade, o grupo de amigos e conhecidos, a família... Todos os cenários me eram próximos, íntimos. Eu me senti confortável com tudo. Quer dizer, quase tudo.

Eu me encontrei e me descobri. Acabava que eu me sentia como o Leão Covarde das histórias do Mágico de Oz. As pessoas sempre fizeram questão de me mostrar o quanto eu era fraco, mimado e covarde. E eu enfrentei os desafios que a vida me colocou nesse ano e, como o Leão, descobri que a coragem estava dentro de mim, eu só precisava encontrá-la.

Descobri que as pessoas são lindas! Que eu posso fazer novos “amigos de infância”, que eu posso rir despreocupadamente, que eu posso me comportar como um louco, “porque todo mundo é; e piores são aqueles que não sabem que são, porque ficam repetindo apenas o que os outros mandam." Eu consegui surpreender as pessoas à minha volta, mas o que realmente importa, eu consegui me surpreender.

Descobri que as pessoas são coisas horríveis! Que a maldade, a dissimulação são inerentes ao ser humano. Quantas pessoas não estão dedicadas diariamente em te deixar pra baixo, “sugar” as suas boas vibrações (ainda não sei se acredito em “vibrações”) e falar o seu nome com deboche!

Começa 2013 e estou cheio de planos: ler menos no computador, ler mais no papel, me alimentar melhor (desculpem-me pelo oblíquo depois da vírgula), fazer exercícios físicos, assistir a mais clássicos, conversar mais. Viver mais! E conhecer as pessoas: as boas e as más! Passar horas e horas a fio fazendo análises psicológicas da humildade de umas e da falsidade de outras. Dizer aos quatro cantos o quanto eu amo as pessoas, sorrir de orelha a orelha com um ato de gentileza; ao mesmo tempo em que eu mostrarei a minha incredulidade com os atos horripilantes que eu vejo pelo Jornal Nacional e me dedicar a um dos meus hobbies favoritos: a maledicência.

Eu quero surpreender 2013! Vamos mexer as peças e ver o que a vida tem pra me oferecer.

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