sábado, 8 de setembro de 2012

Atravessando pontes



Um grande abismo se estende infinito diante dos meus pés. Posso escolher permanecer do lado de cá — seguro e confortável —, mas, se eu quiser atravessar — para um lugar mais próspero e afortunado — só existe um caminho: um par de cordas se estende paralelas de um lado ao outro do precipício e entre elas tábuas bambas servem de apoio para os pés. O vento é muito forte, a ponte balança incessantemente, minhas mãos estão suadas e meu coração está em disparada. O primeiro passo é o mais doloroso, sofrido... Eu sei como é! Já passei por outras pontes antes, mas acontece que nunca por alguma tão estreita e inconstante. Ela é longa e só de imaginar tudo que eu terei que passar nos próximos tempos meu corpo dói.

Fico pensando se no meio dessa ponte existirão algumas tábuas mais firmes para que eu possa parar e respirar: estudar as possibilidades, medir as consequências ou simplesmente repousar meu corpo cansado.

Muitos conhecidos meus já chegaram do outro lado: por outros caminhos — mais tortuosos e cansativos —, mas chegaram. Eles estão do outro lado gritando pelo meu nome, me ensinando como me equilibrar nessas tábuas finas, fazendo todo o esforço para que eu me sinta confiante. Porém nenhum deles pode subir na mesma ponte que eu vou atravessar; nenhum deles pode segurar a minha mão para me dar mais segurança. Esse caminho eu terei que fazer sozinho. Sozinho.

Vou seguir os conselhos dos que já atravessaram suas pontes, mas eu terei que criar o meu próprio método, a minha maneira única de segurar nas cordas, pisar nas tábuas e caminhar. Por mais que minhas pernas estejam hesitantes e que minhas mãos estejam trêmulas, eu tenho que arriscar. E, depois do primeiro passo, não tem como voltar para a minha segurança do lado de cá do abismo: terei que continuar o caminho e vencer esse obstáculo que a vida me colocou e que eu estou escolhendo enfrentar para depois me decidir qual outra ponte eu escolherei em seguida. Sozinho.

O medo vai querer me derrubar da ponte e o cansaço vai me desanimar, mas eu sei que essa decisão de querer atravessar o abismo vai me amadurecer, vai me trazer novas experiências, vai me dar calos nas mãos e nos pés e eu não poderei mais ser abalado por pequenos empecilhos.

Não sou mais uma criança que precisa de alguém mais velho para atravessar a rua; eu sou um adulto que atravessa pontes.

Nenhum comentário: